Sobre o que o Lula quer

Túlio Ceci Villaça
2 min readOct 5, 2022

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Eu sei o que o Lula pretende, e não tem nada de comunista, socialista, demoníaco ou nenhum adjetivo bombástico que se queira escolher. O que ele quer fazer no governo é imensamente complicado e simples, e são apenas duas coisas: fazer o país retomar a normalidade democrática e estabelecer um estado de bem estar social.

A questão da democracia importa pouco para uma parcela expressiva da população. Esta parcela pouquíssimas vezes se sentiu representada e está preocupada a cada dia com o que vai comer no dia seguinte, e se isto for garantido por um autoritário, ela não pensará duas vezes.

Além disso, boa parte desta mesma população tem recebido, dia a por dia, a pregação de que tudo depende dela e nada deve depender do Estado. De acordo com esta doutrinação, todos são empreendedores de si mesmos e garantir aquilo que são seus direitos mais básicos é sua obrigação e de mais ninguém.

Lutar contra estas duas tendências é difícil, mas não impossível, especialmente quando quem está no poder hoje dá seguidas provas de não se importar nem com uma coisa nem com outra. Lembrar as pessoas como elas viviam em 2010 e como tudo piorou me parece uma chave possível para chegar a elas.

Mas eu confesso que não sei me locomover muito bem em uma campanha cujo primeiro dia é dedicado a decidir qual dos dois candidatos tem um pacto com o Diabo. Vejo gente comemorando e achando ótimo. Posso estar errado, mas isto me parece jogar no campo do adversário com as armas escolhidas por ele. Aceitar esta pauta me parece o pior que podemos fazer.

O que o Lula pretende no governo ele já descreveu incontáveis vezes em décadas de vida pública. Ele quer que o sujeito tenha escola decente para os filhos, um hospital decente, um emprego decente e possa no fim do dia tomar uma cerveja com os amigos, no fim de semana ir a um cinema ou um parque e nas férias uma viagenzinha para conhecer outros lugares. Que todos tenham isso.

Isto não é comunismo, socialismo, isto nem é de esquerda. Isto é só o mais básico. Falar disso deveria ser o suficiente: democracia para quem tem o sustento, e para quem não se importa com a democracia porque precisa antes do sustento, o sustento. É disso que pretendo falar, porque é isso que quero. Se não estiver antenado com o escândalo moral da vez, peço desculpas adiantadas.

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Túlio Ceci Villaça
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